Igreja , o novo Corpo de Cristo - (Homilia Dominical Solenidade de Pentecostes)
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
Pornografia, prostituição e “mulheres de mentira”
A
pornografia não satisfaz mais. Estão chegando à América os bordéis com
“bonecas sexuais”, feitas de silicone e aperfeiçoadas para parecerem o
máximo possível com mulheres de verdade.
No ano passado, eu participei do programa de rádio de um amigo para discutir um dos assuntos mais estranhos sobre os quais já fui convidado a falar: a ascensão dos chamados “robôs sexuais”. Em alguns países — sendo o Japão o mais notável deles —, esses robôs foram aperfeiçoados ao ponto de ficarem com a aparência muito próxima à forma humana
e, apesar de serem o passo tecnológico seguinte em uma cultura tomada
pela pornografia, eles têm sido anunciados por alguns como uma “válvula
de escape” para as pessoas com desejos sexuais depravados. De fato, um
dos outros convidados do programa, uma mulher, afirmou não ver problema
em pedófilos que tivessem “bonecos sexuais de crianças” (algo já
experimentado): melhor isso, ela disse, do que tê-los satisfazendo seus
desejos machucando pessoas de verdade.
Na ocasião, eu discordei fortemente dessa perspectiva, destacando que
muitas pessoas inicialmente pensaram que a pornografia violenta,
também, poderia ser uma forma de impedir indivíduos com tendências
violentas de satisfazer seus desejos com seres humanos reais; pensava-se que a pornografia poderia servir, ao contrário, como uma “válvula de escape” para esses desejos. O que nós infelizmente descobrimos ao longo dos últimos anos é o exato oposto disso: a pornografia cria esses desejos perversos nas pessoas que inicialmente não os tinham, fortalece-os naqueles que já tinham tendências violentas, e inflama-os de forma a encorajar a sua prática. Em outras palavras, a pornografia não serve como um “escape”; serve, isso sim, para fortalecer ou até mesmo desencadear tendências sexuais violentas.
Com bonecas, é claro, isso pode se tornar ainda mais perigoso.
Pessoas com fantasias sexuais depravadas poderão, possivelmente pela
primeira vez, ver esses desejos satisfeitos de um modo físico e
sensorial, se bem que com um “escape” não-humano. O resultado disso, eu
apontei, é que nós estaremos encorajando e fortalecendo ainda mais esses desejos.
Com mais pesquisa depois, descobri que eu não era o único com esse argumento: um professor chegou a pedir ao governo britânico que barrasse a importação dessas bonecas, sublinhando o fato de que uma delas havia sido inclusive programada para “resistir a investidas”
— autorizando o consumidor a tomar parte no que, em essência, é um
estupro simulado. Esse tipo de coisa, ele notou, poderia encorajar
comportamentos sexuais violentos.
Revisito aqui essa entrevista de rádio só porque o jornal canadense Toronto Starnoticiou que a cidade de Toronto em breve terá o primeiro “bordel de bonecas sexuais” da América do Norte, oferecendo ao público uma variedade de bonecas sexuais feitas de silicone para aluguel. Eles planejam abrir o negócio em um shopping
da cidade, e estão prometendo bonecas de várias etnias e de vários
padrões de beleza, com preços que vão de 80 dólares canadenses por meia
hora a 160 por duas bonecas.
O bordel promete que as bonecas terão aparência e sensibilidade de
pessoas reais, e que haverá um processo triplo de higienização depois do
uso por cada consumidor. Haverá uma equipe no “prostíbulo”, mas
aparentemente eles não dirão palavra alguma aos consumidores para
assegurar que sua experiência sexual não seja descarregada em um ser
humano de verdade depois.
Na reportagem em questão, uma linha em particular chamou-me a atenção: “De acordo com o site Aura Dolls, a companhia por trás do bordel, a ideia é trazer uma nova forma de satisfazer as próprias necessidades sexuais ‘sem as muitas restrições e limitações com que pode vir uma companheira de verdade’.” Entendeu? O que eles estão dizendo é que as “restrições e limitações”
de uma parceira real — isto é, humana — não existem com uma boneca, e
que todas as fantasias obscuras, esquisitas e violentas que não podem
ser realizadas com uma pessoa real não precisam ser restringidas — elas
podem ser realizadas com uma boneca de aparência humana. A mensagem é que esses desejos não precisam ser suprimidos
— por 80 dólares, eles podem ser experimentados. Além do mais, quem
pode dizer que qualquer desejo sexual é realmente errado em nossa
cultura relativista e sexualmente liberal? Nós já vimos isso antes. Por exemplo, uma das razões por que
prostitutas recebem tanta violência de seus clientes é que — como um
anônimo disse bem sucintamente em um relatório submetido à Câmara dos
Comuns do Canadá durante um debate sobre prostituição — “com uma
prostituta você pode fazer coisas que não faria com uma mulher de verdade”. Esse homem sequer parou para pensar no que ele disse, porque a pornografia objetifica e desumaniza as mulheres ao mesmo tempo em que inflama desejos exóticos que antes estavam “dormentes” ou sequer existiam.
O fenômeno dos “robôs sexuais” é simplesmente mais um passo nessa mesmo direção — e um passo ainda mais perigoso.
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